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FEBRE AMARELA: INFECTOLOGISTA DO HNB ESCLARECE DÚVIDAS

A população tem lotado as unidades de saúde das cidades em busca de informações e da vacina contra a febre amarela, pois muito se tem falado sobre os casos da doença que estão se confirmando pelo país. Para esclarecer os principais detalhes desta patologia a infectologista do Hospital Nipo-Brasileiro (HNB), Dra. Marilia Jukemura Miyagusko, concedeu a entrevista abaixo. Confira!

Primeiramente, o que é Febre Amarela?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko –
 É uma doença infecciosa febril aguda, transmitida pela picada de mosquitos e possui dois ciclos de transmissão distintos: um ciclo chamado silvestre (ocorre nas florestas e matas) e um chamado urbano (ocorre nas cidades ou próximo). Do ponto de vista etiológico, clínico, imunológico e fisiopatológico a doença é a mesma, diferenciando somente o local em que ocorre a transmissão e o mosquito transmissor. É uma doença de gravidade clínica importante e de potencial grande em disseminações em áreas urbanas. O agente etiológico da doença é um arbovírus, do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae.
No ciclo silvestre da febre amarela, os macacos são os principais hospedeiros do vírus. O homem, ao adentrar nas florestas torna-se um hospedeiro acidental do vírus após a picada do mosquito infectado.
No ciclo urbano, o homem é o único hospedeiro do vírus com importância epidemiológica.
Os mosquitos são os verdadeiros reservatórios do vírus. Uma vez infectados, transmitem o vírus durante a vida toda (cerca de 6-8 semanas). Somente as fêmeas transmitem o vírus da febre amarela e há transmissão vertical, isto é, as fêmeas transmitem o vírus para sua prole, gerando novos mosquitos infectados.
Não há transmissão de pessoa a pessoa.
No ciclo urbano a transmissão pode ocorrer por mosquitos urbanos (Aedes aegypti) infectado. No ciclo silvestre, os transmissores são mosquitos estritamente silvestres: os gêneros Haemagogus e Sabethes.

Figura 1 – Ciclos Epidemiológicos (silvestre e urbano) da febre amarela no Brasil

Fonte: Guia de Vigilância em Saúde – Ministério da Saúde – 2016

Quais os sintomas da doença?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko – 
Após a picada do mosquito, período de incubação de doença é de 3-6 dias, podendo ser de até 15 dias. Cerca de 90% dos casos de febre amarela são assintomáticos ou apresentam poucos sintomas; esta doença pode se apresentar como leve, moderada, grave e maligna, com uma letalidade de 5 a 10%, sendo 50% nos casos graves, com manifestações hemorrágicas, com icterícia (amarelo nos olhos), comprometimento hepático e renal.
1. Formas leves: geralmente duram 2 dias; com febre e dor de cabeça com evolução rápida para cura;
2. Forma moderada: por 2-4 dias o paciente apresenta febre, dor de cabeça, dor muscular e nas articulações, vermelhidão nos olhos, náuseas e pode apresentar sangramento nasal; às vezes um pouco de amarelo nos olhos (icterícia); melhora rápida para cura;
3. Formas graves:  início súbito de febre alta, pulsação diminuída, dor de cabeça e dor muscular intensa, icterícia (amarelo nos olhos), sangramento pelo nariz, gástrica e intestinal; quadro clínico evolui em cerca de 07 dias, podendo evoluir para cura;
4. Forma maligna: evolução abrupta, grave, com náuseas, icterícia, hemorragias e comprometimento do sistema nervosa central; evolução em 6-7 dias com comprometimento hepático e renal; A letalidade é de cerca de 50%

Qual a forma de prevenção?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko –

 Vacina da febre amarela;
 Controle dos prováveis reservatórios de mosquitos (lixo, reservatórios de água parada, etc.);
 Proteção contra a picada dos mosquitos (tanto urbanos como silvestres): telas, repelentes, calças compridas e blusas de manga longa.

Qual o esquema vacinal recomendado pelo Ministério da Saúde para a febre amarela?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko – Recomendação para vacinação contra febre amarela para residentes em áreas endêmicas ou viajantes:

Fonte: Adaptado de Norma Informativa nº 143/CGPNI/DEVIT/SVS/MS/2014

Para quem já tomou duas doses da vacina e mora nas áreas de recomendação, uma terceira dose significa mais proteção? Se sim, por quê?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko – Não. A OMS recomenda somente 1 dose; somente no Brasil se recomenda 1 dose se a primeira dose foi há mais de 10 anos.

E para quem perdeu o cartão de vacinação e não tem conhecimento da própria situação vacinal, qual a orientação?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko –
 Somente tomar a vacina caso tenha que ir em local de risco, seguindo as recomendações do Ministério da Saúde.

Quais são as contraindicações para a vacina da febre amarela?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko –
 Crianças menores que 6 meses de idade, pessoas com imunodepressão grave ou uso de medicação imunodepressora, paciente HIV positivo com imunidade baixa, paciente com neoplasias em quimioterapia ou radioterapia, transplantados; paciente alérgicos a substâncias presentes na vacina, paciente com história de doenças do timo (glândula do corpo humano, que tem localização na região do tórax – miastenia gravis, timoma, cirurgia de timo)

Qual a orientação para turistas estrangeiros que visitam as áreas de recomendação de vacina no Brasil?
Dra. Marilia Jukemura Miyagusko –
 Tomar a vacina da febre amarela conforme recomendações do Ministério da Saúde; caso necessite de informações oficiais, comparecer ao Ambulatório de Viajantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) ou do Hospital Emílio Ribas.

Fontes: Guia de Vigilância em Saúde; 2016 –Ministério de Saúde; Sociedade Brasileira de Infectologia – Febre amarela – orientações para profissionais de saúde; Sociedade Brasileira de Infectologia – Febre amarela – informativo à população.

Dra. Marilia Jukemura Miyagusko é médica infectologista do HNB e Doutora em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).
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